segunda-feira, 14 de março de 2011

DE VOLTA AO BLOG COM UM POEMA:

SNAKE

Theodore Roethke

I saw a young snake glide
Out of the mottled shade
And hang, limp on a stone:
A thin mouth, and a tongue
Stayed, in the still air.

It turned; it drew away;
Its shadow bent in half;
It quickened and was gone

I felt my slow blood warm.
I longed to be that thing.
The pure, sensuous form.

And I may be, some time.


THEODORE ROETHKE

O poeta Theodore Roethke (25 de Maio de 1908 - 1 de Agosto de 1963) é natural do Michigan, Estados Unidos da América. Em vida publicou títulos como Open House (1941), The Lost Son and Other Poems (1948), Praise to the End! (1951), The Waking (1953, Prémio Pulitzer para Poesia), Words For The Wind (1958), I Am! Says The Lamb (1961), Party at the Zoo (1963). Postumamente saiu The Far Field (1964, National Book Award) e outras colectâneas.


A sua poesia é comummente caracterizada pelo seu ritmo próprio e pelo imaginário natural, baseado nos elementos da natureza, aliado à sensualidade, beleza e mistério. Tem um cariz confessional ("Os meus segredos gritam forte./ Não tenho necessidade de língua./ O meu coração oferece hospitalidade,/ As minhas portas se abrem livremente." - do Poema "Casa Aberta”) e tais marcas aparecem ora num tom coloquial, ganhando uma outra vida ou vitalidade, ora num tom mais "surrealístico". Em algumas criações o poeta invoca a vida dos insectos e das plantas, e este factor é semi-autobiográfico, devido ao facto de a sua família possuir um negócio de flores.


Nos seus poemas, parece-me que os elementos naturais se apresentam como marcas da memória, como que se apropriando da sua mesquinhez e substituindo-a pela leveza de um tempo intemporal e por uma escolha ou opção, ainda que incompreendidas pelo sujeito poético. ("O elemento do ar era incontido./ O ímpeto do vento rasgou as folhas ternas / Projectando-as em confusão para a terra. / Esperamos as primeiras gotas de chuva nos aleros." - do Poema "Interlúdio").


Esta espera aqui aparece, semelhantemente a outros poemas do autor, a redigir os seus próprios propósitos, e é espera enquanto fuga ao caos da cidade, enquanto pequena imprevisibilidade da natureza, redefinição do tamanho e peso das coisas.


Por vezes os seus poemas fazem-me lembrar os do poeta brasileiro Manoel de Barros (veja-se, a título de exemplo, este "O Mundo não foi feito em Alfabeto"); pela visão conscientemente reduzida, por olhar o que está pertíssimo dos olhos, pelo dinamizar de realidades que, pelo alheamento frequente do comum dos mortais, parecem estáticas, ou quase isso. Veja-se, a este respeito, o poema O Mínimo (The Minimal): "Estudo as vidas sobre uma folha: os pequenos / Dorminhocos, paralisados estorvando-se em dimensão fria, / Escaravelhos em cavernas, salamandras, peixes surdos, / Piolhos colados a longas e fracas ervas subterrâneas, / Contorcionistas em pântanos, / E répteis bacterianos / Retorcendo-se entre feridas / Como jovens enguias em tanques, / As suas bocas descoloradas beijando suturas quentes, / limpando e acariciando, / deslizando e cicatrizando."


Theodore Roethke era claramente um poeta à frente do seu tempo, e isto sem negar que tenha passado por uma fase mais lírico-clássica, de poemas com uma forma mais rígida e com recurso à rima. Um dia terá dito que seria o mais velho jovem poeta da América. Foi fortemente influenciado por poetas como Ralph Waldo Emerson, Henry David Thoreau, Walt Whitman, William Blake, William Wordsworth, W.B. Yeats, e Dylan Thomas. Relacionou-se com poetas como W.H. Auden, Louise Bogan, Stanley Kunitz e William Carlos Williams. Durante a sua fase adulta teve problemas de instabilidade mental e de alcoolismo, reflectidos nos seus poemas, e não raras vezes de forma cómica, especialmente em temas como o amor erótico ou as relações familiares.

O simbolismo da sua poesia está ligado a cinco vectores que nela aparecem muito distintamente: nascimento, crescimento, decaimento, morte e renascimento.


POR SYLVIA BEIRUTE

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